Conversamos com a Eu Você e a Manga para conhecer melhor a banda e seus integrantes. Confira abaixo a entrevista inédita.

Como a banda surgiu?

A banda surgiu de uma vontade minha (Ton) de tocar um som com ukulele. Fiz umas músicas pra uma menina e uma page no Facebook e no Twitter, como se a banda já fosse algo pronto. Um dia mostrei as coisas que tinha feito pra Mariana e ela curtiu. A partir disso ela também trouxe as coisas que tinha e com isso a banda passou a existir no mundo real.

Qual foi a motivação para começar a tocar?

A motivação veio da necessidade de diversão. Antes de qualquer coisa nos divertimos criando e tendo esse contato com as pessoas que ouvem nossas músicas.

Quem são Mariana e Ton?

Eu (Mariana) curso Direito, sou ativista, cartunista nas horas vagas, mas gosto mesmo é de tocar bateria. nasci e cresci em Volta Redonda, interior do Rio de Janeiro, mas na maior parte do tempo vivo em um universo paralelo. Toquei na igreja - mas oi? - no quarto, com amigos, no conservatório onde estudei violão clássico, até encontrar o Ton pelo Twitter e, juntos, darmos luz à Eu, Você e a Manga.

Já o Ton nasceu em Piraí, cidade linda do sul do estado, viveu uns tempos em Paracambi e depois se mudou para Volta Redonda. Tem 20 anos e mora desde os 17 em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. Ele é estudante de filosofia desde criança. Sempre teve banda e toca vários instrumentos.

Como é a relação entre a música e a vida da dupla?

Eu (Mariana) sempre escutei de tudo, da bossa ao rap, da música indiana ao rock inglês, minhas influências são bem aleatórias. Sempre li bastante, também. Comecei com gibis da Turma da Mônica, hoje gosto do Foucault, Marx, Beauvoir, Kundera, Hemingway, Vinicius... Meu primeiro contato com a composição foi aos 8 anos, quando escrevi a primeira canção, mas fiquei traumatizada pelo fato dos meus irmãos terem feito piada com a letra "romântica", então voltei a escrever somente aos 16. Eu diria que ainda estou em construção, ou "Leminskaria" dizendo que essa mania de querer nos definir ainda vai nos levar além. Ah, eu também gosto de milk-shake de morango. O Ton é bem ligado ao surrealismo, isso fica bem claro no nome da banda (escolhido por ele) e também na letra das músicas que ele escreve; musicalmente falando, a banda Cidadão Instigado e Toro y Moi são as influencias mais fortes. Ele é ciclista, anda de bike o tempo todo, e concilia isso aos estudos de filosofia da universidade.

E as influências da banda?

No início ouvíamos muito folk francês e algumas coisas parecidas feitas no Brasil. Como o som era acústico a ideia era mesmo fazer coisas leves, toda essa coisa de tocar em praças, escaleta e ukulele; hoje em dia o indie rock faz a cabeça. Guitarras, distorção e sintetizadores então no comando. Rock inglês e um pouco de romance também fazem parte.

Por que vocês se consideravam como “folk”?

O folk não vinha tanto por ser algo “folclórico” como os europeus usam o termo. Usamos o folk pelo estilo musical mesmo, e também pelas bandas que se definiam assim, que ouvíamos e nos contaminavam.

Vocês falam em “nova fase” após o lançamento do clipe. Qual foi essa mudança, e como isso ocorreu?

Essa mudança veio quando começamos a usar guitarra, bateria e os novos integrantes entraram. A partir disso a banda teve uma mudança de estilo e espírito. Após o lançamento do clipe começamos a trabalhar músicas com um pouco mais de pegada e já trabalhar nas canções que estão no EP equinócio.

Como foi a entrada desses novos integrantes?

O Maylson, que hoje é o guitarrista, entrou na banda como baixista e até chegou a gravar o primeiro EP com a banda; ele trouxe um pouco de sua influência, o post-hardcore e também o hardcore purão. Com isso algumas coisas ficaram mais fortes no nosso som. O Túlio, nosso baterista, trouxe um pouco do clima tropical pra nossas músicas. Ele claramente vive o que o mundo tem de mais absurdo no que diz respeito à ousadia tropical.

O som de vocês remete a um novo momento do rock nacional: uma certa influência do indie gringo, além de uma pegada totalmente nova e multicultural. Como vocês se relacionam (e relacionam o som da banda) com esse momento de retomada do rock nacional e esse novo “gênero” que vem tomando forma?

Isso, se aconteceu, aconteceu de forma natural, não foi uma coisa pensada ou calculada. É lógico que todas essas bandas são referências para nós, principalmente Apanhador Só que é para nós um modelo de som generoso aos ouvidos. Quando falamos desse provável “novo gênero” falamos de um futuro que já está presente. Isso ganha força com a juventude que acredita no que vem daqui, de perto, da sua cidade, do seu idioma, da sua rua, por vezes. Salve a juventude!

Você poderia explicar os nomes dos discos?

O “Música Desenhada” veio da ideia de fazer as coisas com as próprias mãos e de forma simples. Foi a nossa estreia e mesmo sendo algo feito por nós, com o mínimo de recursos possíveis foi algo de extrema importância pra nós, ficou a lição de que por mais simples que seja o trabalho ele deve ser feito com carinho e dedicação; O “Equinócio” veio pra clarear as coisas, mostrar um pouco de como somos e estamos. Justamente como a ideia do Equinócio de clarear por igual todas as partes da terra. Nesse EP mostramos mais do que nunca o que somos e onde queremos chegar.

O que motivou esse disco em especial (Equinócio)?

Já tínhamos mais de um ano de banda e o que tínhamos pronto, em termos de músicas gravadas, era apenas um single e o EP acústico que já não tocávamos mais. Daí a necessidade de mostrar de forma detalhada o que estávamos fazendo e no que tínhamos nos transformado. Foi um grito de “ISSO AQUI É A MANGA”.

Já que ele foi o primeiro depois do momento de “mudança”, o que ele traz de novo? O que esse último álbum representa pra banda?

Traz uma nova forma de olhar a nossa arte, olhar o que estamos fazendo, nova forma de perceber até onde aquilo que está nas músicas são partes de nós. Com o lançamento do “Equinócio” tivemos que ser um pouco mais profissionais, sem deixar a diversão de lado. Além do mais o Equinócio foi o que produzimos de mais importante até agora, foi muito bem cuidado em cada detalhe, a nossa postura como banda foi renovada.

Vocês estão em turnê?

Após o lançamento do Equinócio, fizemos alguns bons shows, tocamos com a Canto Cego, a Quarto do L, Banda Imóvel, Inabitual, entre outros nomes de peso da cena independente do estado. Não planejamos nada sistematicamente, fizemos o show de lançamento e conforme foram surgindo as propostas e os convites fomos construindo a turnê de divulgação. O importante é não parar, das praças aos festivais, onde pudermos estaremos indo!

Quais os planos futuros da banda?

Bem, no momento estamos focados nas composições que formaram o álbum que pretendemos lançar ainda esse ano, ou no início de 2015. Temos trabalhado bastante em conjunto pra isso, vai ser um trabalho com um peso maior que os outros que já tivemos até hoje, mais “profissional”, se assim podemos dizer. Entendemos a necessidade de se ter um bom material pra fazer as coisas funcionarem e estamos nos dedicando ao máximo nisso. Depois do Equinócio, nossa postura como banda mudou no que diz respeito a saber separar diversão de trabalho e, mesmo conciliando as duas coisas, passamos a encarar o que fazemos com mais seriedade. Então é isso, talvez um clipe, mais um EP, single... Quem sabe? Tudo será possível, fiquem atentos!

Para onde vocês vão agora?

Pra onde o vento sopre em nossos cabelos, haha. A pretensão é fazer mais shows, participar de festivais, o que for viável e for nos agregar. O negócio é construir! Sabemos bem onde queremos chegar, então nos resta trabalhar em cima disso, acho que o resto é consequência, o importante é continuar a nadar já que ainda não aprendemos a voar.