quarta-feira, junho 25, 2014



Criado pelo produtor Júlio Victor, o projeto "Sasha Grey as Wife" (RJ) surgiu da vontade de mostrar através da música suas múltiplas faces - tanto pessoais quanto criativas. Auto-definida como "banda de um homem só", "Sasha..." traz um mix eclético de influências como Kanye West, 30 Seconds To Mars e Emery, gerando uma proposta atípica e apresentando composições de música eletrônica baseadas completamente em samples rítmicos e cordas, sem o uso de sintetizadores ou teclados.


Em maio de 2014, o projeto lançou seu primeiro single entitulado "No Fetus", masterizado em Nashville pelo produtor Steve Corrao no estúdio Sage Audio. Com seu EP de estréia "Threeless" agendado para lançamento no fim do primeiro semestre de 2014, "Sasha Grey as Wife" lança seu segundo single, entitulado "Passenger".

"Sasha Grey As Wife apresenta a música Passenger como uma forma de externar os sentimentos produzidos pelo término de um relacionamento entre dois amigos. A sonoridade moderna e visceral é um contraponto ao WebClip feito para esta música, onde é notável a direção sutil e cinematográfica de suas imagens produzidas pelo Pandario em parceria com a fotógrafa Hannah Beatriz, guiados pelo conceito gráfico criado da capa ilustrada por Filipe Marcus."

Confira abaixo o webclipe de "Passenger":




Você pode acompanhar o projeto através dos links abaixo:

Download do single: http://migre.me/k32gD


Publicado em quarta-feira, junho 25, 2014 por Kayo Medeiros

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quarta-feira, junho 18, 2014

Cena retirada do clipe "LSD", do Nobat


Após dois anos circulando por diversas cidades com seu primeiro álbum, “Disco Arranhado”, o cantor e compositor mineiro Nobat lançou no início deste mês o videoclipe da música “LSD”, lançada em dezembro de 2013.
Dirigido e roteirizado por Frederico Amoz, o clipe faz diversas referências às artes plásticas e ao cinema com imagens fortes que buscam retratar o absurdo. O vídeo contou com a atuação de Julia Branco, atriz e vocalista da banda Todos Os Caetanos do Mundo, e do ator Junior Morais. Além disso, teve sua direção de fotografia assinada pelo cineasta Erick Leite e foi produzido por Luísa Gontijo, do Retalho Cult.
O artista se prepara para sua próxima turnê, marcada para setembro e outubro deste ano e passará por São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro, dentre outras cidades.






Publicado em quarta-feira, junho 18, 2014 por Kayo Medeiros

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segunda-feira, junho 16, 2014





Cultivada entre idas e vindas no Complexo da Maré, a banda Canto Cego floresce no cenário carioca e traz em suas raízes uma delicada veia poética, assim como um robusto rock visceral.


Criada em 2010 por Magrão, Diogo (ex-guitarrista) e Hugo (ex-baterista), a Canto Cego começou sua história como “Veneto”. Apenas com a entrada da vocalista Roberta Dittz é que o grupo se reinventaria, trazendo para suas apresentações toda a força das performances poéticas – influenciando até mesmo o seu repertório. Ainda em outubro de 2010, a banda começou seu primeiro processo de criação, com o foco sobre a poesia e o rock somados às influências do espaço urbanizado ao qual frequentavam.

Com algumas mudanças na formação (incluindo Jorge e Henrique, ex-bateristas que empunharam com maestria as baquetas da banda), a Canto Cego se reestrutura com Rodrigo Medeiros nas guitarras e Ruth Rosa na bateria – e dá início definitivo à sua caminhada pela cena carioca. Nos últimos 4 anos, a banda fez shows no Corujão da Poesia (Ipanema), Cinerock (Nova Iguaçu), Picadeiro da Palavra (Centro), SESC Madureira, CCCG, Circo Voador (como finalista do WebFestValda). Além disso, conquistaram o segundo lugar no Festival Intercultural na lapa, e primeiro lugar no Festival da Nova Música Brasileira – premiação que rendeu a oportunidade de gravar duas faixas produzidas por Felipe Rodarte no estúdio Toca do Bando, assim como de abrir o show da banda Detonautas no palco do reinaugurado Imperator.


Proposta

Tendo como base uma relação íntima entre o rock e a poesia, a Canto Cego foge aos padrões e leva a cada palco uma apresentação única e vibrante. Afinando a veia poética, inclui em alguns shows a leitura de poesias intercalada com músicas. Enquanto algumas canções são completamente faladas, outras alternam entre a fala e o canto. Em determinadas apresentações, convida poetas e pessoas do público para a realização de intervenções no palco, criando uma mistura de composições, ambientações e improvisações. Dando ao espetáculo o ar de grandeza merecido, a banda traz à tona o formato de performance-show, onde as canções tomam forma através de atores que, ocupando o espaço do público, realizam ações referentes às composições de cada música.

Cena Carioca


Juntos das bandas Novezeronove, Folks, Drenna e Stereophant, fundaram o evento Rock Bandido junto com a hashtag #acenavivee atiçaram as redes sociais com a campanha de volta da Radio Cidade. Um espírito de grupo e de motivação de cena que vem se multiplicando e agregando novas bandas que vem surgindo de re-surgindo na cena do independente carioca. Este ano a banda volta a Toca do Bandido pra conclusão de um faixa com patrocínio da Converser Rubber Tracks, e prepara em sequência o lançamento de 3 clipes, junto com o primeiro EP.

A Banda

Roberta Dittz


Atriz e poeta, busca nas sonoridades uma forma mais intensa de comunicar os sentimentos. Estudou teatro desde os anos de escola, tendo como maior base as ações físicas e vocais. Ouve entre muitos Lenine, Concha Buika e Pantera. Se apresenta frequentemente em eventos de poesia com poetas como Tavinho Paes, o compositor Jorge Benjor e o grupo Organismo. 

Rodrigo Medeiros


Produtor Cultural e Musical, Rodrigo participa de projetos musicais desde a infância quando aprendeu a tocar na guitarra do pai. Hoje, produz eventos como Samba Rock no SESC, e grava em seu home-estúdio diversas bandas de sua região. Rodrigo é atento as novidades musicais, admira a música nacional, e valoriza timbres suaves. Encontra nas cordas da guitarra o peso, mas sem perder a leveza.

Magrão


Graffiteiro e artista plástico, Magrão tocava nas bandas do colégio e dividia sua rotina dando aulas de graffiti. Procura entre os graves e arranjos de baixo algum groove e swing que, pincelados ao som simples da banda, transformam o som. É cheio de novidades melódicas quando o assunto é criação. Magrão recentemente participa de exposições artísticas e coletivos que unem a vida urbana à arte.

Ruth Rosa


Ruth aprendeu a tocar bateria nas aulas de música da igreja em que o pai ministrava. Estudou bateria e flauta transversa dos sete aos quinze anos, quando decidiu não seguir mais os desejos do pai. Desde então participou de eventos diversos nas redondezas da Maré até se fixar como baterista convidada da banda Café Frio. A integrante mais recente da Canto Cego, vindo reforçar o espírito performático da banda.

Entrevista

Vocês seguem uma “estética” muito bem definida. Explica pra gente o que é “Rock+Poesia”?
O Rock e a Poesia foi o nosso encontro, eu levava alguns poemas escritos pros ensaios e no meio dos improvisos começavam a surgir melodias. Disso surgiram as primeiras músicas coletivas da banda e percebemos que essa mistura podia dar certo. Além das próprias poesias musicadas fazíamos instrumentais com poesia falada, e isso nos rendeu alguns "números", e abriu o leque de possibilidades da banda no palco. Dentro desse universo das palavras como ponto de partida estabelecemos essa identificação. Quando as pessoas perguntam o que é Canto cego, a gente responde Rock e Poesia. Poesia porque expressar nosso cuidado com as palavras e sentidos, e Rock pelo peso, força e atitude que expressamos no palco.

Qual a importância dessa “construção” lúdica, envolvendo performances e intervenções durante as apresentações?
Sempre foi um desafio, possibilitar trocas em palco, chamar convidados, participar de eventos de poesia com poetas entrando e saindo do show, participar de eventos que envolviam outras artes, fora a música. No início a gente não ligava muito pros detalhes da performance, mas sempre foi um desejo nosso fazer as apresentações se tornarem cada vez mais vivas. E logo que começamos a investir em cuidados com figurino, maquiagem, os olhares pra gente já mudaram. Parece bobo, ou fútil atrelar essas superficialidades ao que é relevante pra banda, mas fez diferença e só fez destacar todo o carinho que a gente dedica as metáforas de cada música, a história que a gente começa a contar desde o momento que pisamos no palco. Só que é um processo que está em construção e que se transforma em cada experiência, em cada pessoa que surge no nosso caminho. 



A banda tem uma presença de palco muito marcante. Isso é algo da personalidade do grupo, que surge naturalmente, ou faz parte das intervenções?
A gente sempre se cobrou muito pela performance, eu tenho mais facilidade por causa do teatro mas a banda toda comprou essa vontade de fazer diferença no palco. E sem isso, eu acredito que não faria sentido a Canto Cego, não faria sentido um show sem tentar fazer o público perceber o que você tá querendo dizer. Ao longo dos anos de banda a gente vem ganhando segurança pra arriscar, pra aprender com o próprio público, com as próprias situações, é um aprendizado que não tem muito com treinar sem ser ali na hora da apresentação. Mas é importante relembrar que é resultado de muita cobrança interna, a partir dessa cobrança que cada um foi encontrando sua identidade e verdade dentro da performance.

De que forma a banda se relaciona com o processo de criação? Como surgem as composições?
Atualmente está bem caótico, tem músicas que eu fiz no violão, tem músicas que o Rodrigo fez o instrumental e coloquei uma voz, tem músicas que do improviso fomos tirando o refrão e as estrofes até achar a estrutura completa. Tem algumas que faço com o Magrão com ele no violão e aí depois a banda junta vai reconstruindo. Nossa pesquisa ultimamente é testar vários tipos de processo pra evitar que uma música fique parecida com a outra (o que é inevitável), mas acreditamos que isso tá dando um caldo legal e evidencia nossas personalidades. As letras, até hoje, foram só minhas um pouco pelo meu hábito de escrever e de ficar horas quebrando cabeça com a métrica e os sentidos, mas também estamos sondando parceiros de outras bandas e poetas amigos pra composições novas.

Foto: Paulo Barros


A poesia é um fator marcante no trabalho de vocês. O que a poesia em si – e seu processo de criação – representa para o grupo?
Foi na poesia que me entendi como "comunicadora" (não sei outra palavra melhor), desde que comecei a frequentar eventos de poesia despertou em mim essa necessidade de escrever e dizer palavras escritas, e essa descoberta aconteceu junto com o surgimento da banda em 2010. Não podia deixar de propor isso pro grupo, e a banda entrou de cabeça na ideia. O mais bonito foi ver que o que era uma necessidade minha virou uma vontade do conjunto e isso foi fundamental pra que a gente pudesse construir a nossa identidade e explorar novos caminhos. 

O som de vocês traz um mix de sensibilidade emocional e rock visceral. Qual é a sensação de transmitir isso tudo para o público de vocês?
É maravilhoso, na verdade, acredito que não nos vemos mais sem essas doses semanais de banda e público. Desde a troca de olhares do palco, como o contato depois dos shows, os amigos que ficam e surgem em cada lugar que tocamos. Ver que as pessoas se afetaram de alguma maneira é o que transforma a Canto Cego a cada dia, e que nos faz mais forte na arte de se doar ao outro. A gente sempre discute o sentido da banda existir, e todas nossas perguntas são respondidas quando tocamos e trocamos com o público.



Vocês tem um certo papel de incentivadores, tendo inclusive organizado um evento em parceira com outras bandas. Como vocês analisam a nova cena da música independente carioca (e nacional)?
Desde o ano passado que tivemos esse desejo de se unir com amigos da Novezeronove, Folks, Drenna, Ollie, Clashing Clouds, Imóvel, Innabitual, Stereophant. E desde então tudo mudou. Muito pra gente e para o conjunto, virou uma grande rede, quando um se beneficia todos ganham juntos. Não só essas bandas amigas mas ecoa pro cenário inteiro. E a gente vê várias bandas se unindo e se organizando em outros núcleos que conversam entre si. Nem consigo citar aqui todo mundo que faz parte disso, na verdade nem existe um núcleo porque é generalizado. Uma das nossas conquistas como cenário foi volta da Rádio Cidade e todo o esforço que tivemos de agitar as redes com esse pedido. A Cidade voltou, a Kiss voltou, vários canais de rock a gente observa que estão sendo criados e todo mundo ganhou com isso. A gente vê bandas antigas voltando, bandas mainstream compondo novas músicas, e principalmente bandas novas surgindo. É o rock se preparando pra daqui a pouco estar na crista da onda. Nos orgulha estar participando desse processo na cidade do Rio, e acreditamos que esse movimento, com certeza, já se espalha pelo estado e pelo Brasil.

Qual a importância da ação das bandas na construção dessa nova cena?
Depois desses anos de movimentação não temos dúvida de que as coisas só vão pra frente se as bandas se unirem cada vez mais. É difícil pra alguns perder a vaidade, porque infelizmente é do mundo ocidental esse olhar competitivo para o outro. Mas cada vez mais a gente tem provas de que tem lugar pra todo mundo, que somos realmente um coletivo. Sem dúvidas a Canto Cego não estaria tão viva se não fosse a união das bandas e todas as pessoas (nem sempre de banda) que geram novas ideias e fazem acontecer de alguma forma. Não só a Canto Cego, sei que muitas bandas tem a mesma sensação de que não seríamos visíveis sem essa soma de desejos, como diz uma música do Medulla "pra que a gente possa dividir nosso sonho de multiplicar". Cada banda que vemos fazer parte dessa entrega faz de si mais intensa, assim como fortalece o cenário por inteiro.

Para finalizar, a mesma perguntinha de sempre: quais os planos para o futuro?
Os planos são muitos, ainda bem! Queremos muito lançar um CD, mas como a grana é pouca estamos juntando e estudando as possibilidade de gravar um EP pro segundo semestre. Antes do EP, e depois desse lançamento de Nuvem Negra ainda temos mais um single pra lançar que é Maestrina, ela foi gravada pelo Pedro Garcia (baterista do Planet Hemp) há quase 1 ano e está esperando um clipe, mas ainda estamos decidindo se vamos disponibilizar ela antes do clipe. Estamos num processo intenso de composição de novas músicas, e também articulando shows pra que possamos expandir nossas fronteiras pra além do estado do Rio, e pra eventos de porte maior. Nada muito simples de se fazer, mas o que seríamos sem os desafios!?

Contato
Você pode acompanhar o trabalho da Canto Cego seguindo os links abaixo:

Facebook: www.facebook.com/cantocego
Site Oficial: http://www.cantocego.com/


Publicado em segunda-feira, junho 16, 2014 por Kayo Medeiros

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quarta-feira, junho 11, 2014

Foto: Luísa Gontijo


O cantor e compositor Terenzi disponibilizou gratuitamente pela internet o “live session” da canção inédita “Ódio Puro”. O vídeo é o primeiro da série “Tangerina Apresenta”, que levará ao público canções inéditas de alguns dos principais artistas e bandas da cidade.

Com direção de Frederico Amoz, o vídeo mostra o músico belo-horizontino em um formato mais intimista, apenas voz e violão. “Ódio Puro” é a primeira canção inédita de Terenzi desde o lançamento de seu primeiro EP, em 2012.

A ação marca também o lançamento da agência cultural Tangerina. Ligada ao Retalho Cult, a agência promoverá alguns dos principais projetos musicais da cidade. “Ódio Puro” marca a nova fase do músico, que prepara novo disco para o próximo ano.


Publicado em quarta-feira, junho 11, 2014 por Kayo Medeiros

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Foto: Flávia Mara


Uma das primeiras artistas a entrar em parceria como o Chama Alternativa (há dois anos atrás, durante a primeira encarnação do site), Luiza Brina é cantora, autora, arranjadora e multi-instrumentista. Acompanhada d'O Liquidificador, grupo formado por uma grande família de 10 músicos, Luiza se prepara para o lançamento de seu segundo álbum completo, o sucessor de "A Toada Vem É Pelo Vento", de 2011.

Gravado de forma independente, "A Toada..." foi lançado em diversas cidades do país (Rio de Janeiro, São Luís, Belo Horizonte e Salvador, entre outras), assim como em uma turnê internacional realizada em Portugal, Espanha, França, Alemanha e Holanda.

Sobre Luiza Brina e o Liquidificador


Luiza Brina é integrante do grupo Graveola e o Lixo Polifônico, do Coletivo ANA (Amostra Nua de Autoras) e do Frito na Hora, além de atuar ativamente como compositora, arranjadora e instrumentista em diversos projetos da cena atual de Belo Horizonte. Suas canções tem diversas influências, passando pelas culturas populares afro-latinas, pelos cancionistas consagrados e pela música contemporânea.

O grupo – formado por instrumentistas de diferentes vivências e formações – conjuga sua diversa bagagem musical, em que o público é cúmplice de suas trocas e pode conferir a diversidade de influências em que se aventuram suas canções: do maracatu à ciranda; da salsa ao pop; do boi do Maranhão ao axé, até chegarem à rica mistura de Luiza Brina e seu Liquidificador, formado por:

Alcione Alves – percussão
Analu Braga – percussão
Christiano de Souza – percussão
Flavia Mafra – luz, cenário, câmera
João Gabriel Machala – trombone
João Paulo Prazeres – saxofone e flauta
Maria Raquel Dias – clarineta
Paula Elisa – produção
Thais Montanari – Flauta
Vanilce Peixoto – violoncelo

Campanha no Catarse





Nesta semana, o grupo lançou uma campanha no site de financiamento coletivo Catarse, a fim de arrecadar fundos para o lançamento de seu segundo disco, "Da Janela". O disco terá a produção de Chico Neves, produtor musical que iniciou sua carreira em 1978 nos estúdios da EMI-ODEON e que produziu discos de artistas como O Rappa (Lado B Lado A), Lenine (O Dia em que Faremos Contato), Skank (Maquinarama, Carrossel) , Paralamas do Sucesso (Hey Na Na), Los Hermanos (Bloco do Eu Sozinho), Ludov (Disco Paralelo), Arnaldo Antunes (Um Som , Saiba), Nando Reis (Sim Não), Jam da Silva (Dia Santo), Lucas Santtana (Eletrobemdodo), Lô Borges (Meu Filme), F.ur.t.o., Chelpa Ferro, Jorge Mautner (Bomba de Estrelas), Roberto Guima, entre outros, além de trilhas de filmes como Eu Tu Eles de Andrucha Waddington , Deus é Brasileiro de Cacá Diegues.

Você pode ajudar a campanha acessando o link abaixo: http://www.catarse.me/pt/luizabrinaeoliquidificador

Para conhecer mais sobre a banda, acompanhe o trabalho através da página deles no Facebook



Publicado em quarta-feira, junho 11, 2014 por Kayo Medeiros

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terça-feira, junho 10, 2014



Logo pra começar a conversa, a maior de todas as revelações: "sim, meu nome é mesmo Isadora hahahahhhaha". Isadora Brandelli é a autora, escritora, pintora e ilustradora por trás da página "Isadora Não Entende Nada". Sucesso no facebook, Isadora vem trilhando um caminho para o sucesso construído tão somente de amor - sentimento que, para ela, é a razão de tudo no mundo. "Pra mim, tudo que acontece no mundo, tudo que desacontece, tudo que virá a acontecer, é sempre sobre amor", diz a artista.

Semana passada publicamos um perfil sobre a Isadora (que você pode ler clicando aqui), e logo abaixo você pode ler a entrevista exclusiva que ela deu pro Chama Alternativa! :)

Quem é Isadora?
Eu nasci em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha e há 5 anos vim pra Porto Alegre fazer faculdade de Publicidade. Dois anos depois troquei pra faculdade de Artes e agora tô largando pra fazer arte heheheheh. Eu tenho 23 anos e olha, minha vida até agora tem sido fantástica hehe já mudei mil vezes, já recomecei mil vezes, e cada vez parece que eu tô exatamente onde eu gostaria! Mas isso são coisas. Eu tô mesmo é preocupada com as coisas do mundo. Minhas causas são os animais, o veganismo, a bicicleta, a mobilidade urbana como um todo, ahhhh, e o amor, sempre!

Quando e como começou a sua relação com arte?
Desde criança eu sempre desenhei e pintei bastante. Na minha adolescência isso parou um pouco. A relação com a arte voltou quando eu vi que não queria mais fazer publicidade e tive que pensar o que eu realmente queria fazer da vida. Mas na verdade quem deu a ideia foi uma amiga em uma mesa de bar no carnaval na praia hahaha daquela noite em diante eu tinha resolvido fazer artes. Lá de onde eu venho ninguém nunca vai pensar em fazer uma faculdade de artes. Arte não é coisa que se faça hehehe.



Quando você começou a pintar? E a escrever?
Eu passei um ano na faculdade de artes sem produzir nada meu. Eu sabia desenhar, mas não sabia imaginar, não sabia ser criativa. Teve um dia de abril 2012 que eu tinha que ir pra aula às 8h30 da manhã. Tava chovendo muito. Eu tinha uma aquarela em casa. Eu tinha um livro antigo. Eu nunca tinha usado aquarela mas aquele dia de chuva parecia bem propício. Pintei algumas paginas do livro antigo e no mesmo dia tranquei a faculdade que eu não tava curtindo e fiquei fazendo isso. Aquele parece que foi o dia em que eu aprendi a imaginar, aprendi a criar um pouco. Depois disso eu só queria fazer algo que fosse meu, era ali que eu podia falar

Sobre escrever não sei direito. Sempre gostei de escrever algumas coisas, ler outras. Sempre gostei de unir a pintura com alguma poesia também. Escrever é mais um desabafo, é organizar pensamentos e tirar de dentro o que sobra. Uma tentativa diária de usar palavras de uma forma bonita.

Seus registros do tumblr são extensos. Há quanto tempo você começou a produzir de forma mais “profissional”?
Ano passado, quando fiz a pagina, em maio de 2013, foi quando resolvi mostrar pras pessoas o que eu fazia e eu não tinha ideia de como seria o resultado. Em algum tempo as pessoas começaram a querer comprar meus trabalhos. Eu nunca entendi direito isso, mas me deixa bem feliz. Mas não consigo ver isso como algo profissional. São coisas que faço porque amo, porque tenho muitas ganas de fazer... e se alguém gostar disso, se alguém quiser fazer algo com isso, vou achar muito bacana também!!! No momento eu vivo disso e de trabalhar em um café vegano. Os dois me divertem tanto que eu ainda acho que eu não trabalho!

Você tem uma grande quantidade de trabalhos, tanto de escrita quanto de pintura. Como é o seu processo de criação?
hahahahaha não é nada fantástico. Eu pinto deitada na minha cama, jogada no sofá, sentada no chão. Eu não me preparo pra isso, mas eu fico o tempo inteiro pensando nas coisas que eu vejo ou que me contam, pensando algo que seria legal pra representar tudo isso e não é por querer, virou "algo que eu faço". Quase todo dia eu faço pelo menos um desenho novo, mas é porque acho que quanto mais eu penso nisso, mais ideias tenho. Que nem pra escrever, é sempre sobre algo que eu vivi, algo que me falaram, algo que eu vi, claro que mais enfeitado e fantasioso, mas as vezes to andando na rua e penso nas coisas rimando e escrevo no que tiver pela frente hehehe acho que eu só penso demais.



O seu trabalho possui um certo romance: entre os temas principais estão saudade, amor, paixão, solidão. Existe algum motivo em especial por essa temática? Como as ideias surgem para você? O que te inspira?
Pra mim, tudo que acontece no mundo, tudo que desacontece, tudo que virá a acontecer, é sempre sobre amor. Amor de várias formas, por várias coisas. Eu falo sobre isso porque o amor pra mim é realmente tudo. Saudade, solidão, paixão, são meras consequências da forma como a gente consegue encarar o amor. Tudo pode me inspirar. Mas geralmente são coisas pequenininhas. Se eu vejo uma borboleta ou um passarinho [que] canta bonitinho, esse vai ser um grande dia, isso vai me inspirar muito. As pessoas que eu gosto me inspiram, os dias tristes inspiram. Quando falo em inspiração, é aquele momento que eu fico tão feliz, ou tão enorme, que vai parecer que sou apaixonada por tudo. E quando sinto que não gosto de nada, me apaixono por isso também. Eu sou muito sentimental hahahaha isso é uma loucura!

Mas na verdade muito do que escrevo ou pinto são recados pra mim mesma. Entender que o amor não dói, que é preciso ter coragem, que a saudade existe e escorre de mim. Eu preciso escrever sobre o amor pra tentar viver ele de uma forma boa,de uma forma que não se enlouqueça. Pra não doer.

Você tem um estilo que mistura colagens, intervenções, pintura, aquarela e ilustrações em nanquim. Uma grande mistura que criou algo único e profundamente delicado. Como é a sua escolha de materiais e estilos na hora que criar uma peça? Quais são as suas influências?
Bah, pois é. Eu não entendo muito de tintas e coisas do tipo. Tudo que eu entendo é porque já usei e sei como a coisa funciona. Nisso de não entender eu comprei vários tipos de tintas e materiais, e pra ser bem sincera, eu uso tudo aquilo que tem a cor ou textura que eu acho que possa ficar legal, mas geralmente são misturas que um professor de arte, por exemplo, diria com certeza pra eu não fazer hahahahah eu não penso se aquilo que eu to usando vai ter uma grande duração ou não, se vai secar ou não, é sempre tão momentâneo e sincero o que eu gosto de fazer que eu acabo só me importando em fazer na hora. Se deixar pra depois já passou, já nem era mais bem aquilo hehehe

Como influência, eu gosto da arte de pessoas. De anônimos. De quem eu conheço na rua e faz arte na rua, de gente que faz coisa simples e cheia de coração. Mas tem dois artistas conhecidos que eu gosto, que é o Basquiat e o Leonilson. Mas acho que eles dois tem bastante dessa coisa simples que eu falei. E acho que eles são extremamente inteligentes e loucos por isso!



Explica pra gente: por que a fixação com animais?
hahahahha aiiii. Sabe, não sei. Eu nasci na zona rural de Bento [Gonçalves, interior do Rio Grande do Sul]. Me criei no meio do mato. Eu gosto muito de mato, pra mim o verde é a vida e a renovação de um tempo na cidade. O mato é a vida real, é de onde tudo vem. Mas basicamente todos os animais que eu desenho eu nunca tive contato. Mas eu acho eles realmente muito poéticos, eu acho lindo, eu sou apaixonada por cornos porque eles me parecem uma poesia bem escrita. São quase sempre animais selvagens, e acho que eles são muito mais simbólicos do que representações literais. E além disso que sou uma defensora da causa animal, acho que eles merecem todo meu carinho e atenção.



Qual a sua relação com a “arte”, e o que ela significa pra você? Como é ser uma artista, uma pessoa capaz de produzir obras artísticas?
Acho que eu nem consigo ter uma relação com a arte, acho que ela tá dentro de mim. Não sei ver a diferença de algo que eu pintei com o resto da minha vida. Porque eu pinto e escrevo a minha vida, então isso é só mais uma parte do meu dia normal. A parte mais feliz do meu dia normal. Arte é a forma que eu encontro de incentivar tudo que eu acredito. Uso a arte pro amor, pro veganismo, pra bicicleta, pela natureza. Tem gente que grita e mostra tudo que tá errado - o que eu acho extremamente válido - mas eu quero sempre tentar falar baixinho e mostrar o outro lado bonito. Acho que a arte é o que me cura e o que me deixa mais louca!

Como foi a parceria com o Eu Me Chamo Antônio?
Ah, foi logo que eu fiz a página. Tenho uma amiga aqui em porto alegre que conhece o Pedro e que mostrou meu trabalho pra ele. Ele veio falar comigo e depois de um tempo propôs que fizéssemos algo juntos. Fizemos duas frases. Uma que ele começou e eu terminei. A outra eu comecei e ele terminou. Depois eu fiz um desenho pra cada uma delas. Uma das frases virou camiseta da Pulselibre que foi lançada pro dia dos namorados do ano passado. Foi ótimo fazer essa parceria, até porque ele já era muito conhecido na época e eu fiquei bem chocada que ele quisesse fazer algo comigo hahahah.



Como tem sido o retorno do público em relação ao seu trabalho?
Ah, é lindo!!! As pessoas são muito fantásticas e carinhosas. Até porque tu gostar de algo é fácil, mas tu ir lá e falar que gosta é outra coisa. Muitas pessoas me mandam mensagens todos os dias e é sempre uma hora de felicidade quando vejo! Qualquer coisinha me é grande, porque tudo que faço é tirar de mim um pedaço, alguém gostar disso, vish, é muito feliz. Tem gente muito bonita no mundo!

Existem planos para o futuro? Exposições, livros?
Eu não sei direito sobre o futuro não hehehehe tem pessoas me convidando pra exposições e preciso me organizar pra isso. Eu acho legal expor, mas tambem acho meio apavorante um lugar e um dia que as pessoas vão lá me ver. É tipo o mesmo pavor que eu tenho de fazer aniversário hahhaha Mas tenho que deixar de ser medrosa. 

Algumas pessoas me perguntam sobre livro, sabe, agora eu posso parecer muito despretensiosa, mas é que eu não vou muito atrás disso, eu não vejo como eu possa fazer das coisas que eu escrevo um livro, mas talvez um dia eu descubra e faça alguma coisa. Por ora fico só rabiscando pelos cantos da casa uns suspiros de amor.



Como as pessoas podem entrar em contato com você, caso queiram adquirir algum trabalho seu?
Ahh, é só mandar mensagem na página mesmo, ou no meu facebook ou me encontrar na rua e falar ou me mandando uma cartinha hahahaha. Eu só não consigo fazer encomendas de desenhos. Até já fiz um texto sobre isso na página. Várias pessoas já me pediram encomendas de coisas e eu não consigo muito dizer não, só que chega na hora de fazer, como não é algo que eu senti/pensei/exagerei, eu nunca acho o resultado final bonito e isso me dá agonia. Não é por mal, é também porque eu não quero frustrar a pessoa que queria algo bonito hehehehe

E por que a Isadora não entende nada?
Quanto mais eu estudo e me aproximo das coisas, mais longe eu fico de entender. Quanto mais se sabe, mais se sabe que tem pra saber. Eu não entendo nada porque de sentimentos, quem é que vai poder dizer? Se a gente começa a entender as coisas a gente para, se basta e logo já não sabe mais nada. Eu não quero parar, eu quero passar a vida inteira me fazendo perguntas e tendo uma resposta diferente por dia, quero aprender pra sempre, me desprender sempre e desentender do amor, pra ver se assim ele fica pertinho. 

Contato


Você pode acompanhar o trabalho da Isadora seguindo os links abaixo:

Facebook: www.facebook.com/IsadoraNaoEntendeNada
Tumblr de Textos e Poesias: http://pedalandoempensamentos.tumblr.com/
Tumblr de Pinturas e Ilustrações: http://enlouqueceuosolhos.tumblr.com/


Publicado em terça-feira, junho 10, 2014 por Kayo Medeiros

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segunda-feira, junho 09, 2014




Criada em 2012 por figurinhas carimbadas da cena potiguar, a Far From Alaska é uma das grandes revelações do rock nacional. Trazendo um som difícil de categorizar, mistura rock pesado com elementos do grunge, country, eletrônico e progressivo. Tendo na bagagem apresentações em grandes festivais como Planeta Terra, Bananada e Grito Rock, apresenta em 2014 seu primeiro álbum completo, “modeHuman”.

Talvez pelo time de veteranos, que assinaram passagens por bandas como Talma&Gadelha, Planant, Calistoga e Venice, a notícia de lançamento do FFA foi recebida com bastante expectativa pelo público local, o que acabou rendendo uma boa visibilidade ao primeiro single, “Thievery”, lançado em setembro de 2012, e a escalação para tocar no Festival do Dosol (RN) em novembro do mesmo ano. 

Far From Alaska após show no Festival Bananada 2014


Formada por Emmily Barreto (vocal), Cris Botarelli (synth, lap steel e voz), Edu Filgueira (baixo), Rafael Brasil (guitarra) e Lauro Kirsch (bateria), um dos grandes destaques da banda foi a vitória no concurso Som Pra Todos, organizado pelo Portal Terra, Banco do Brasil e Deck. O prêmio foi, nada mais, nada menos, que um show na edição 2012 do renomado Planeta Terra Festival, em São Paulo, e um contrato de distribuição com a gravadora carioca. 

O primeiro EP da banda, Stereochrome, lançado em 2012, contém quatro músicas e foi gravado no Estúdio Dosol (RN), com produção de Dante Augusto (Fukai, Calistoga, The Sinks) e mixado no Estúdio Costella (SP) por Chuck Hipolitho. Já em Maio de 2014, a banda apresenta seu primeiro disco cheio, modeHuman, com 15 faixas gravadas em novembro de 2013 no estúdio Tambor (Deck), no Rio de Janeiro. O registro foi mixado por Pedro Garcia (Planet Hemp) e masterizado por Chris Hanzsek, no Hanzsek Audio (Seattle/EUA).


Com um som difícil de definir, o Far From Alaska conta com influências muito diversas, resultando em uma proposta extremamente interessante. Destaca-se a voz de Emmily, que foi eleita a segunda melhor do Festival Planeta Terra, perdendo apenas para Shirley Manson (Garbage) e ganhando de Beth Ditto (Gossip) e Bethany Consentino (Best Coast). Inquestionável é, também, o trabalho instrumental do trio Edu Filgueira (baixo), Rafael Brasil (guitarra) e Lauro Kirsh (bateria), que entregam riffs e ritmos fortes, cativantes e cheios de personalidade; assim como os teclados de Cris Botarelli, que dão um toque a mais de autenticidade ao som.

Você pode conhecer mais sobre a banda acessando os links:


Entrevista



Fale um pouco sobre a história musical dos integrantes. Anteriormente ao FFA vocês tocavam em grupos da cena potiguar ou é a primeira banda de todos?
A gente já é meio macaco velho em Natal. Todos já tivemos outras bandas, inclusive entre nós. Eu (Cris) já toquei com o Lauro no Planant e com a Emmily no Talma&Gadelha. O Rafael, que também era do Calistoga, o Edu e o Lauro tocaram juntos no Venice, e por aí vai... 

Sobre a participação no Planeta Terra Festival de 2012, quando chamaram a atenção de todos, inclusive de Shirley Manson (Garbage), que os elogiou publicamente. Vocês chegaram a conhecê-la pessoalmente?
Participar do Terra foi uma das tantas coisas surreais que a gente tem a sorte de viver com essa banda. Agora, de fato, esse show teve um gostinho especial por ter sido nosso segundo show ever! Quanto à Shirley, sim, a conhecemos pessoalmente. Deixamos de assistir o show do Kings of Leon pra conseguir táxi pra voltar pro hotel e no lobby demos de cara com ela. Eu não resisti e fui cumprimentá-la e pedir uma foto, aí veio o melhor: ela que puxou todo o papo. Viu nossos crachás, perguntou com quem estávamos e tudo mais. Contamos a história da banda, que era o segundo show, etc, e ela pirou (ela é uma fofa)! No dia seguinte, fiquei de tocaia no lobby esperando ela descer pro checkout e entreguei um bilhetinho carinhoso com nosso nome, pra ela nos escutar se tivesse a chance. Dois meses depois ela lembrou e aí deu no que deu. 

Foto: Rubens Rodrigues


No EP Stereochrome, lançado em 2012, a gravação e a produção foram feitas em Natal/RN e a mixagem e a masterização em SP. Nesse álbum, como foi todo o processo?
A pré-produção foi toda feita aqui em Natal mesmo, ensaiando, queimando pestana em estúdio. As melodias e letras geralmente fazemos em separado, mas a idéia de como gostaríamos que soasse também nasce no ensaio. Feita essa pré, nos mandamos pro Rio de Janeiro, pro Estúdio Tambor, da Deck, e passamos uma semana lá internados, pirando nos detalhes de timbres que a gente tanto gosta. Nessa fase o Pedro Garcia esteve com a gente produzindo o trampo. Depois de gravado ele também mixou e aí mandamos pra Seattle, onde o registro foi masterizado pelo Chris Hanszek no Hanszek Audio.

ModeHumam é primeiro disco da banda - canções como a já apresentada ‘Dino Vs. Dino’ e ‘Deadmen’ mostram que a banda amplifica o Rock vigoroso que ficou evidenciado no EP. O que as pessoas que curtiram o Stereochrome podem esperar desse álbum completo?
O disco tem um conceito artístico legal que a gente espera explorar um pouco mais ainda. A capa tem um robô – quer dizer, uma ‘roboa’ – recém chegado a Terra com a missão de substituir um ser humano na sociedade e pra isso precisa aprender várias nuances das pessoas, seus relacionamentos, suas conexões sentimentais e tudo aquilo que faz da gente mais que um monte de equações lógicas e números. As músicas do disco, então, são parte de um todo, como se fossem um manual de perspectivas pra roboa assimilar. Musicalmente, é essa doidera aí, não dá pra explicar muito, é guitarra pesada, tecladinhos malucos, baixo com synth. Sinceramente também não dá pra dizer o que esperar, porque uma coisa curiosa é que cada um vê esse rock de um jeito. Já fizeram tantas associações e referências que às vezes a gente nem conhece, que cansamos de tentar enquadrar em qualquer coisa e dizer: “vocês vão ouvir rock x neste álbum”. Vamos esperar pra ver o que geral diz. A gente só espera que ouçam alto e curtam tanto quanto nós.

Foto: Rubens Rodrigues


As composições do Far From Alaska são feitas por todos ou tem alguém que é ‘o principal compositor’?
É muito difícil separar a participação de cada um no processo pra medir isso. Meio que todo mundo compõe junto, a música toma o caminho que ela escolhe quando nós cinco trabalhamos nela no estúdio. É bem livre, ela vai indo indo indo... O máximo que a gente tenta preservar é o “sentimento” inicial que gostaríamos que ela tivesse. Mais subjetivo impossível, né? Hahaha deve ser por isso que é tão problemático e suado!

Por que a preferência por compor em inglês? É um processo natural ou é também pensando em fazer uma carreira internacional?
Não foi pensado pra nada, é natural, a maioria esmagadora das bandas que escutamos cantam em inglês, nossas referências acabam falando alto nessa hora. Mas se rolar alguma coisa lá fora, poxa, não seria nada mal, né?

Vocês são todos de Natal/RN? Como a tendência é a exposição da banda crescer, pretendem se mudar para um centro musical com maior visibilidade e praticidade como São Paulo, por exemplo?
Todos moramos em Natal e o Rafael e a Emmily são daqui, mas eu sou de São Paulo, o Edu é de Mossoró (interior do RN), e o Lauro é de Cuiabá. Pretender sempre pretendemos, esperamos que um dia isso seja uma consequência natural do volume de shows e etc. É nosso sonho viver disso!



Qual a expectativa com o novo trabalho? Onde o Far From Alaska pretende chegar? 
A gente então espera que tudo aconteça, mas às vezes como um sonho distante, tipo “ai, queria que chovesse dinheiro”, sabe? Uma coisa boa impossível? Mas essa é a nossa hora de trabalhar, ir atrás e fazer as coisas acontecerem, porque rola, rola melhor do que imaginamos sempre, essa banda é meio mística! E quanto a isso, só tá rolando sentimentos bons e um friozinho na barriga de otimismo. Acho que as pessoas percebem isso também, tem muita gente bacana caindo do nada na nossa vida e nos ajudando de forma que ficamos abismados (vide os dois clipes que ganhamos de presente de caras que não conhecíamos). É por essas e outras que a gente sente coragem de querer chegar onde muita gente acha que não pode. Vamos ver no que dá. Dando certo ou não, parar de viver música é que a gente não vai, então tá tudo certo!


Publicado em segunda-feira, junho 09, 2014 por Kayo Medeiros

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quinta-feira, junho 05, 2014



Levantar a bandeira da música autoral e conceitual foi a principal motivação para a formação da Bent.vi: Luiz Bento (Vocais e guitarras), David Dinucci (Guitarras), Lucas Caetano (Bateria) e Wallace Santos (Baixo) fizeram de Macaé, Rio de Janeiro, apenas o berço do mundo que têm a conquistar. 

Numa mistura de influências do rock, noise e MPB, desde setembro de 2009 a Benti.vi busca trilhar caminhos no cenário underground norte fluminense. Criada por Luiz Bento (Vocais e guitarras), David Dinucci (Guitarras), Lucas Caetano (Bateria) e Wallace Santos (Baixo) em Macaé (RJ), a banda tem como objetivo levantar a bandeira da música autoral e conceitual. Pó de Vidro, EP de estreia da banda, foi lançado de forma independente em maio de 2014.


Capa do EP "Pó de Vidro"

Entrevista


Conversamos com a Bent.vi, e você pode conferir abaixo essa entrevista exclusiva: 

Quem são os integrantes da Bent.vi?
Bento: O David, Lucas e Wallace já tocavam juntos, num power trio que eu já tinha visto em alguns festivais. Antes da Bent.vi tive outras 2 bandas, onde comecei a arriscar e esboçar letras e melodias, chegando num ponto em que eu não conseguia mais fazer cover. Fazer um trampo totalmente autoral acabou se tornando a minha maior meta musicalmente falando, fato que destoava um pouco dos objetivos dos outros companheiros das banda passadas. Fiquei um período compondo coisas sem ter uma banda de apoio, ou seja, quando eu e o David resolvemos montar a Bent.vi já tínhamos muita coisa encaminhada. O trabalho mais difícil (provavelmente levaremos a vida toda nisso) foi achar uma sonoridade que nos identificasse enquanto banda, e isso tem sido um processo contínuo, que é reflexo direto das coisas que estamos lendo, ouvindo, e as pessoas com quem nos relacionamos. 

Como surgiu a banda?
Dinucci: A banda surgiu no momento em que fui ver uma apresentação solo do Bento ainda na época da antiga banda dele, em 2009, e me empolguei de cara com o material autoral. A gente estreitou os laços pela internet e começou a projetar o que viria a ser a Bent.vi.

Quais são as principais influências da banda?
Bento: Cada um escuta coisas bem diferentes, acho que isso acaba contribuindo para o som ter essa característica de desconsiderar uma necessidade de enquadramento. Eu ouço bastante MPB, e também gosto da sujeira e dos ruídos sem compromisso com uma estética polida e comercial que o universo noise sugere. O David é um rato de sons, baixa discos e mais discos por semana, o que o faz ter bastante ferramenta na hora de produzir e compor. Lucas e Wallace são os caras que não contribuem tanto com referências sonoras, mas com bastante criatividade, talento e disposição, já que são músicos que vêm de uma escola diferente, de tocar na noite, etc... As musicas, mesmo as que escrevo, acabam tendo um pouco de todos, porque os esboços são apenas caminhos e todos colocam um pouco de si nas canções.No final todos contribuem do seu modo.

Mesmo sendo uma banda com elementos do novo indie brasileira, dá pra perceber no som de vocês uns toques de O Rappa, e até Soundgarden. Qual é a proposta do trabalho de vocês?
Dinucci: Parece estranho mas eu nunca tinha reparado esse toque d'O Rappa no nosso som, até pouco tempo atrás, quando alguém comentou a mesma coisa comigo. Como Bento disse, quem mais traz referência sonoras de fora da banda somos eu e ele. Mas nossa proposta é tentar construir algo diferente. Claro que a gente entende a importância das referências nesse processo, porém nosso maior interesse é usar isso como ponto de partida pra algo novo. 

Como é o processo criativo?
Dinucci: O processo de composição principal é o que começa com o Bento trazendo a música para o ensaio com melodia e letra praticamente definidas, depois com nós quatro buscando entortar aquilo da forma mais conveniente. Esse processo é mais intuitivo que racional. Dificilmente ele varia mas, por exemplo, "Espero" Bento e eu compusemos juntos 50/50 e "Eu Escolho Plantar Luz" foi mais conversada do que tocada antes de entrar no estúdio e se transformar naquilo que está no EP. 

Como foi a produção do disco? 
Dinucci: O disco vem sendo ruminado desde Agosto de 2013. A pré produção rolou basicamente entre o estúdio onde ensaiávamos e o boteco do Mick Jagger, lugares onde as canções tomaram corpo entre ruídos e copos.



Apesar da banda existir desde 2009, a única canção do EP da época do inicio da banda é "Espero", feita em 2010. Todas as outras nasceram ou tomaram corpo a partir do ano passado, quando a gente começou a encontrar a sonoridade que queria pro EP. “Pó de Vidro” de certa forma tem a ver com a desconstrução de uma coisa pronta que era o que a gente tinha encontrado/construído com a banda entre 2009 e 2012, em troca de algo mais nocivo e cortante.

Explica pra gente o nome "Bent.vi"?
Dinucci: Quando nós começamos a tocar o projeto, a ideia era de que fosse algo tendo como centro o Bento, que é o principal compositor da banda. Acabou não sendo. Porém nós chegamos no nome a partir dessa ideia. Bento+alguma coisa. 

Quais são os projetos atuais da banda? E os planos para o futuro?
Bento: Primeiro vem divulgar o Pó de Vidro da melhor maneira que a gente puder. Depois temos vontade de produzir e gravar mais coisa logo. E tocar/trocar para/com uma galera que, assim como a gente, não enxerga tanta distancia entre quem vê e quem faz o som, mas que quer ajudar a fazer a experiência acontecer junto com quem toca.

Você pode acompanhar o trabalho da Bent.vi acessando os links:

Bandcampo: http://bentvi.bandcamp.com/

Publicado em quinta-feira, junho 05, 2014 por Kayo Medeiros

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quarta-feira, junho 04, 2014



“Arte não é coisa que se faça”, diz Isadora. Rindo, lembra de como surgiu a ideia de ir para a faculdade de Artes. Nascida em Bento Gonçalves (RS), aos 18 anos deixou a Serra Gaúcha para estudar publicidade. Aos 20, deixou a publicidade para estudar artes. Aos 23, deixa a faculdade de artes para fazer arte. “Já mudei mil vezes, já recomecei mil vezes. E cada vez parece que eu estou exatamente onde eu gostaria!”, explica.




Se a decisão de se dedicar à sua própria produção foi repentina, a sua relação com a poesia e a pintura já é de longa data. Desde criança, Isadora sempre desenhava, pintava e escrevia, mas nega que tenha sido sempre tão natural. “Passei um ano na faculdade de artes sem produzir nada meu. Eu sabia desenhar, mas não sabia imaginar, não sabia ser criativa. Teve um dia de abril 2012 que eu tinha que ir pra aula às 8h30 da manhã. Tava chovendo muito. Eu tinha uma aquarela em casa. Eu tinha um livro antigo. Eu nunca tinha usado aquarela mas aquele dia de chuva parecia bem propício. Pintei algumas páginas do livro antigo e no mesmo dia tranquei a faculdade que eu não tava curtindo e fiquei fazendo isso”, conta. “Aquele parece que foi o dia em que eu aprendi a imaginar, aprendi a criar um pouco. Depois disso eu só queria fazer algo que fosse meu, era ali que eu podia falar.”




Nos últimos dois anos, Isadora tem produzido cada vez mais, participado de exposições (incluindo a Casa de Cultura Mário Quintana, o Instituto de Artes da UFRGS e a Galeria Experimental da IFSul) e firmado parcerias, tendo inclusive integrado um projeto com a página Eu Me Chamo Antônio. “Fizemos duas frases. Uma que ele começou e eu terminei. A outra eu comecei e ele terminou. Depois eu fiz um desenho pra cada uma delas. Uma das frases virou camiseta da Pulselibre que foi lançada pro dia dos namorados do ano passado.”





Com um trabalho permeado por um romance com a vida, “Isadora Não Entende Nada” tem uma obra emocionante, e que não se distancia das realidades da vida. “Pra mim, tudo que acontece no mundo, tudo que desacontece, tudo que virá a acontecer, é sempre sobre amor. Amor de várias formas, por várias coisas. Eu falo sobre isso porque o amor pra mim é realmente tudo. Saudade, solidão, paixão, são meras consequências da forma como a gente consegue encarar o amor”, diz Isadora.



Você pode acompanhar o trabalho da Isadora seguindo os links abaixo:

Tumblr de Textos e Poesias: http://pedalandoempensamentos.tumblr.com/
Tumblr de Pinturas e Ilustrações: http://enlouqueceuosolhos.tumblr.com/

Não esqueça: semana que vem publicaremos na íntegra a entrevista com a Isadora! Acompanhe nossa fanpage!


Publicado em quarta-feira, junho 04, 2014 por Kayo Medeiros

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terça-feira, junho 03, 2014


Cineasta e historiador, Arthur Moura é responsável pela criação de filmes como "De Repente: Poetas de Rua", "Prévia do Amanhã" e "UTOPIA e cidade". Com considerações sobre música, mercado e sociedade, Arthur se aprofunda no discurso cinematográfico para mostrar ao mundo suas ideias e sua forma de enxergar a sociedade.

Conversamos com ele sobre seus pensamentos e futuros projetos, e você pode conhecer um pouco mais desse artista logo abaixo.

Conte um pouco sobre você. De onde você é, onde você cresceu. 
Me chamo Arthur Moura, tenho 30 anos. Nasci em Niterói, mas logo cedo fui morar em Porto Velho. Quando meus pais se separaram e eu vim morar em Niterói com a minha mãe e minhas duas irmãs. Já vivi um tempo em Goiânia também, e um período breve em Alto Paraíso (GO). Quem me criou foi minha mãe, minha avó e minha tia. Minha mãe é professora, meu pai é autônomo. Estudei no Liceu Nilo Peçanha, onde comecei a ter amigos ligados a música. Em 98, 99, existia um circuito forte do rock´n´roll, blues e metal em São Gonçalo e alguma coisa em Niterói também. Nesse tempo eu fiz parte de algumas bandas. Comecei tocando punk, depois toquei numa banda de metal e minha última banda foi a Insane, que tocava o que chamávamos new metal, com uma linguagem de rap. Já nessa época eu tocava com Wallace, do Fluxo. Eu saí da banda e montei um homestudio no meu quarto. A partir daí eu comecei a trabalhar sistematicamente com diversas áreas da produção artística. 

Você estudou violão clássico durante vários anos. Como começou a sua relação com a música?
Eu diria que a minha relação com a música começou quando eu passei a conhecer música. E aí diversas pessoas contribuíram para isso. O meu primo Luis, por exemplo, foi a pessoa que me apresentou praticamente tudo do rock, metal e blues. Fora isso, o lance d´eu tocar foi uma coisa que se desenvolveu devagar. O fato é que eu tive oportunidade e condições de estudar música e isso me abriu para novas percepções. A música é um campo infinitamente vasto e o que me interessa nela é a sua construção e a produção de linguagens. Para entender o que é música é preciso investigar, produzir, compor, testar e expor. E isso faz parte de um processo ao mesmo tempo coletivo e individual. É uma relação que se abre cada vez que se arrisca mais. 

Apesar de tocar em bandas de metal, você rompeu seus preconceitos e abraçou o RAP. Como foi esse processo, e o que o RAP significa pra você?
Eu realmente tinha preconceito com o rap. Eu não ficava muito confortável de estar ali tocando guitarra e um cara rimando o tempo todo. Não fazia sentido pra mim. Eu tava acostumado com outras coisas. Não sei se por ironia, mas foi o rap que de certa forma reuniu tudo aquilo que eu tinha aprendido, tanto no que diz respeito aos aspectos teóricos como práticos da música. Penso que fazer beat acima de tudo é tocar algo na batida. Claro que tem o lance de você samplear, mas as coisas ficavam mais interessantes quando eu tocava algo, mesmo de forma simples. Acho que no final é o rap que consegue ser um campo holístico. O rap significa muito pra mim e é uma pergunta difícil na verdade porque envolve tanto um caráter subjetivo como material, político e social. O rap foi uma das coisas que também formou o meu caráter, então é algo que já faz parte de mim. Eu venho tentando responder o que é o rap e eu diria que ele é uma ferramenta de luta, de enfrentamento social. Ao mesmo tempo é um campo artístico, cultural, musical. Por isso ele exerce uma função complexa, pois diz respeito a todo um conjunto de valores. E veja que agora o rap não diz respeito somente às minhas aptidões musicais, mas política. Muito do que eu aprendo tenho a oportunidade de colocar em prática no rap, e isso agora venho fazendo como um estudo. Por isso eu também passei a pesquisar e escrever sobre o assunto. 

O que significa arte para você? Como você se relaciona com o processo criativo artístico?
O meu processo criativo se dá em diversas esferas. Faço música, cinema e agora literatura. Não sei fazer uma avaliação talvez muito coerente sobre tudo isso, mas vejo que pra mim é o que dá aquilo que chamamos “sentido”. Este sentido é criado de acordo com as experiências, experimentações e práticas. É a partir dessa relação que podemos nos situar no mundo, no campo social e entender melhor nossas subjetividades e aspectos do psicológico. A arte, portanto, é um canal de acesso a todo um conjunto de percepções desde o campo do sensível até outras ordens. A arte pós-moderna vai na contramão deste sentido. Ela não está necessariamente preocupa com alguma coisa. Para ela, basta existir e apresentar-se da forma mais flexível possível. Eu tento pensar a arte longe desses preceitos e valores. A arte faz parte de tudo aquilo que amplia as possibilidades de liberdade, não o contrário. 

Você cursou história. Como esse período influenciou a sua forma de pensar?
Antes eu gostaria de dizer que não foi fácil entrar para a universidade pública. Não é somente uma certa dificuldade de se passar no vestibular. O vestibular é apenas um dos mecanismos que impede a grande maioria das pessoas de ter acesso ao ensino público de qualidade. De uma forma geral, a universidade pública serve a uma parcela elitizada, que desde cedo tem como meta ocupar a maioria das vagas. O estudante proletário, quando entra, é o mais vulnerável, pois encontra todo o tipo de impedimento que viabilize sua permanência. Aos pobres cabe o ensino técnico. São os que executam as ordens dos seus superiores. A universidade me apresentou um campo até então desconhecido. Foi na universidade que eu aprendi a estudar, a ler, interpretar e compreender melhor a complexidade do real. O acesso ao conhecimento faz toda a diferença. A gente aprende melhor conceitos como autonomia, liberdade, política, sociedade, poder, ética. Na universidade eu pude compreender a complexidade da luta de classes e ter um novo olhar sobre o contemporâneo. Passei e a me interessar mais pela história moderna e seus campos filosóficos. Eu sempre tive acesso a livros em casa mas aprendi a lê-los melhor. Aprendi a não ter medo do que ali se anuncia. O bom leitor tem que ter coragem pra enfrentar o desconhecido, o que ainda lhe parece estranho. A universidade também é pra mim um outro campo de lutas. Fiz parte do movimento estudantil, produzi inúmeros vídeos e dois filmes, “Prévia do Amanhã” e “UTOPIA e cidade”. Foi onde também escrevi minha monografia sobre o rap. Foi a forma que encontrei de contribuir no sentido de inserir críticas e compreender melhor o processo de formação do rap independente principalmente do Rio de Janeiro. Nesse trabalho me detive muito em compreender as relações de poder e as condições que se formaram para que mais tarde houvesse a mercantilização da cultura. A monografia se chama “Uma Liberdade Chamada Solidão”.


O seu trabalho em “Poetas de Rua” é basicamente um estudo antropológico. Como foi o processo de explorar as origens desse formato de expressão cultural?
O processo se deu de 2005 a 2009. Na verdade eu comecei a fazer uns registros esporádicos da cena, filmando batalhas e freestyles nas ruas. O que eu fiz foi um registro de parte de uma geração do rap do Rio. Essa galera são Mc´s, produtores, DJ´s, etc. Naquela época o que mais me interessava era o freestyle e todo aquele ambiente que se formava. Tem um certo debate sobre mercado, mas como essa relação só iria se fortalecer dez anos mais tarde, os comentários giravam mais em torno de uma expectativa do que algo realmente concreto. Enfim, acho que o filme carrega um pouco desse ar de improviso, até mesmo na parte técnica ou conceitual. O processo foi muito simples, na verdade. Eu busquei filmar os eventos, shows e batalhas, freestyle nas ruas, principalmente na Lapa, que àquela época era um polo onde a galera do rap se encontrava. Hoje a Lapa faz parte de um cenário muito mais amplo do hip hop, pois existe diversas rodas espalhadas pela cidade. Procurei filmar depoimentos também da galera onde eu conversava sobre independência, mercado, questões referentes à cena, etc. Filmei algo em torno de 80 horas que resultou num longa de pouco mais de uma hora. 

Qual é a proposta da sequência de Poetas da Rua que você está filmando? O que você observou de diferente entre a cena de 2004, e a atual?
A minha proposta para este filme é tentar fazer uma espécie de balanço. Ao mesmo tempo eu quero compreender como se configura a cena hoje. Quais são suas questões? O que estão pensando seus atores? De que forma estão atuando? Onde? Quem são estes atores? O fato é que agora existe uma nova geração e aí surge outra questão: de que forma estão se relacionando as diferentes gerações que agora compõem o rap? O que vem a ser este mercado que se formou? Para isso estou pegando depoimento de Mc´s, cineastas, produtores, organizadores das rodas culturais, as rodas, beatmakers, etc. Essencialmente, me interessa debater questões políticas. E aí entram debates sobre, por exemplo, a importância da ocupação dos espaços públicos, questões de gênero, mercado e outras formas associativas. A cena de 2004 é muito diferente de hoje. Seus valores são outros. Suas necessidades, desejos e inserção social também se modificaram. As relações de poder ficam mais complexas. Suas prioridades são outras. E quando falo “suas”, me refiro àqueles que fazem parte da cena. “Cena”, inclusive, é um conceito que se diferencia de “movimento”. O que percebo é que os grupos se tornaram empresas, os Mc´s, empresários. O público são consumidores. É uma síntese um tanto cruel e ao primeiro olhar pode parecer reducionista ou até mesmo mesquinha. No entanto, a prática de uma parcela significativa do hip hop é baseado em preceitos éticos e morais capitalistas, o que faz com que haja um distanciamento da possibilidade da construção de um movimento popular libertário. Ao mesmo tempo em que estou produzindo o filme também estou no processo de escrever um novo trabalho, agora com uma cara mais de ensaio. Talvez eu leve este tema para o mestrado, ainda estudo a possibilidade. Neste trabalho estou desenvolvendo questões como: o hip hop e a mídia, a função do público no hip hop, a burocratização do hip hop, cinema e literatura no hip hop entre outros. Algumas publicações podem ser encontradas no meu blog www.umaliberadechamadasolidao.wordpress.com .

Qual tipo de assunto você pretende trabalhar nos seus próximos filmes?
Bom, no momento também estou produzindo um documentário longa metragem juntamente com André Queiroz, escritor, filósofo e professor da UFF, que se chama “O Povo que Falta”. Estamos tratando de temas como desterritorialização, violência de Estado, guerrilha e demais enfrentamentos sociais, memória, dentre outras questões. Estamos filmando no Brasil, Argentina, Chile, Colômbia e Peru. Quero trabalhar futuramente com algumas dessas questões, como violência de Estado, mas através de outro tipo de narrativa, que não seja propriamente um documentário. Me interessa produzir algo que traga a questão dos enfrentamentos sociais, das disputas políticas do agora trazendo uma visão da conjuntura social. Me interessa fundamentalmente o cinema político, não o cinema como uma certa representação da realidade, mas aquele que intervém, confronta e constrói. 

Algum plano ou desejo para o futuro? Relacionado a trabalho ou não.
Meu plano é estar organizado de alguma forma com pessoas que também se proponham a construir arte. É preciso que pensemos formas associativas horizontais, sem líderes e que tenha na liberdade seu mais alto valor. A arte produzida de forma coletiva é infinitamente mais potente. Produzir arte de forma coletiva é também exercitar a política, é compreender melhor o que nos cerca através de trocas sem que haja relações de poder. Penso que isso cria condições materiais e imateriais para a produção artística.


Você pode acompanhar as novas produção de Arthur Moura curtindo a página da 202 Filmes no Facebook (www.facebook.com/202Filmes)


Publicado em terça-feira, junho 03, 2014 por Kayo Medeiros

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