Criada em 2010 pelas produtoras Maria Almeida e Sol Provvidente, a Go East Orkestar reúne uma variedade de músicos e públicos sob uma batuta balcânica. Criada para se apresentar nas noites cariocas, o que era originalmente um bônus da Go East Party ganhou vida própria e agora trilha seu próprio caminho – inclusive fora do país.

Tudo começou em 2007, quando a figurinista Maria e a psicomotricista Sol se conheceram e descobriram que tinham uma paixão em comum: a música típica dos Bálcãs e do leste europeu. Resolveram fazer curso de DJ e planejaram uma grande festa, a Go East!, em que tocavam esse tipo de música nas carrapetas, contratavam mulheres que faziam dança do ventre ou grupos de dança folclórica para dançar e ofereciam shots de rakija, um destilado de frutas típico do leste europeu.

A festa cresceu, apareceu e fez surgir a ideia de uma banda que tocasse ao vivo. A primeira medida foi convidar o músico Daniel Vasques para ser o maestro da orquestra. Depois, as duas colocaram anúncios nas faculdades e escolas de música. "Tivemos uma procura muito maior do que a esperada. O primeiro ensaio foi em março de 2010, na São Salvador, e no fim daquele ano fechamos a orquestra com 28 músicos. As duas primeiras apresentações foram na festa Go East, e foi um sucesso. Já na terceira apresentação, que foi na própria São Salvador, no Carnaval, reunimos mais de mil pessoas, todo mundo fantasiado, dançando na praça”, conta Maria.




Com sua concretização, a Go East Orkestar (ou GEO, como é carinhosamente chamada) é a única orquestra no Brasil a dedicar-se 100% aos ritmos balcânicos. Hoje, a Go East é uma orquestra popular carioca dedicada à pesquisa e à difusão da música tradicional do leste europeu e suas possibilidades de fusão com a música popular brasileira.

Sempre seguindo a linha das tradicionais fanfarras do sudeste europeu, a GEO apresenta uma mistura surpreendente de sons, capaz de despertar interesse até nos ouvintes mais entediados. A alegria, a festividade e o caráter popular marcam o perfil da GEO, seja em apresentações em praças públicas, cortejos ou teatros para grande ou pequeno público. Seus shows são um convite à catarse coletiva: uma grande celebração ao som de músicas instintivas, inspiradas, alegres e extremamente vigorosas.


Radoslav Miryanov e Karine Ferreira
Em seu repertório, músicas tradicionais do leste europeu, principalmente da região dos Balcãs - cheias de referencias ciganas, eslavas, turcas e judaicas -, músicas tradicionais brasileiras arranjadas no estilo folclórico do leste europeu e músicas autorais compostas pelos integrantes da GEO.

Nestes poucos anos de existência, a Go East Orkestar já se apresentou em inúmeros pontos públicos do Rio de Janeiro, em renomadas casas de show e recebeu convites para tocar em grandes festivais como o Rock in Rio. O detalhe é que um produtor do Rock in Rio viu a banda tocar justamente na São Salvador. "Os ensaios na praça viraram uma vitrine", diz Maria.

Reconhecimento Internacional



Foto: Nathan Thrall
Em 2012, a Go East Orkestar foi convidada a participar dos festivais Nisville Jazz, Dani Brazila e o 3º Festival Internacional de Brass Bands, em Guča (Sérvia). Esta incursão internacional rendeu à GEO o título de 2ª Melhor Banda de Fanfarra do mundo, assim como o documentário “Go East Orkestar, From Rio do Guča”, realizado pela diretora sérvia radicada na França Militsa Trajkovic-Petit que estreou na Semana de Culturas Estrangeiras – FICEP em setembro de 2013, em Paris (França). 

Conversamos com Sol Provvidente e Maria Almeida, as idealizadoras da Go East Orkestar. Confira abaixo:

Como se desenvolve o trabalho da Go East atualmente, em relação a ensaios e a produções próprias?

Como a GEO é um grupo grande de pessoas (que estão envolvidas em várias bandas e projetos), ensaiamos quando conseguimos conciliar as agendas. Normalmente esses ensaios acontecem com 10, 12 membros da banda por vez (sendo que atualmente a GEO conta com 17 músicos).

No momento, temos 2 músicas autorais no repertório. A GEO está sempre aberta para receber produções/composições próprias, e todo mundo pode contribuir musicalmente. Por exemplo, depois que voltamos de Guča, em agosto de 2012, o pessoal voltou inspirado e começou a escrever composições próprias. Uma dessas composições já está no repertório, que é a “Živeli”, que estreou com a gente no final do ano passado e foi totalmente inspirada na experiência da banda na Sérvia, no espírito de celebração que é super presente nos Balkans.

Quais os planos da GEO para o futuro?
Queremos muito gravar um CD e um videoclipe da banda e estamos nos organizando já pra isso. Também queremos circular mais com a GEO pelo Brasil colocar a banda em turnê mesmo. O som dos Balkans é pouco conhecido no Brasil e a gente adoraria que mais pessoas tivessem acesso a essa cultura musical do Leste da Europa. 



Vocês foram convidados para participar de 3 festivais no exterior: Nisville Jazz, Dani Brazila e o Festival Internacional de Brass Bands, em Guča. Como foi essa experiência?
Na realidade nós só participamos de Guča, em 2012. Em 2013 fomos convidados para participar dos três festivais, mas infelizmente não conseguimos o apoio necessário para custear parte da viagem. Vale a pena falar desses três festivais para que as pessoas conheçam um pouco sobre o que acontece musicalmente por lá:

Como foi a gravação do documentário? 
A diretora do documentário, a Milica Petit­-Trajoković é uma sérvia radicada na França. Ela ouviu sobre a ida da GEO pra competição em Guča por um dos membros da banda e resolveu nos acompanhar durante a viagem e o festival registrando tudo em filme ­ e daí surgiu a idéia do documentário. Quando a banda chegou na Sérvia ela já estava lá, no aeroporto, nos aguardando e assim começaram as filmagens, num esquema meio “reality” de filmagem. O resultado saiu 1 ano e pouco mais tarde, em Setembro de 2013, quando o documentário de 52 minutos ­ intitulado “Go East Orkestar: from Rio to Guča ­ estreou no festival FICEP, em Paris. Em novembro do mesmo ano fizemos uma exibição do filme no Cine Jóia, no Rio. No Youtube somente o teaser está disponível, mas em breve o filme na íntegra deve estar disponível também.



Você pode acompanhar o trabalho da Go East Orkestar pelos links abaixo:


Saiba Mais:


Guča Festival
    O Festival de Guča é um dos maiores e mais celebrados festivais de Brass bands do mundo. Ocorre anualmente desde de 1961 no povoado de Guča, na Sérvia, e nestes 54 anos de existência firmou­se como um dos mais importantes festivais de toda a Europa. Recebe a cada edição cerca de meio milhão de pessoas vindas de todas as partes do mundo. É noticiado toda a Europa e televisionado ao vivo para todos os países da região balcânica, dada a sua importância cultural e a qualidade dos músicos que ali se apresentam. Vários documentários já foram realizados a fim de mostrar a excelência musical e o fenômeno cultural que ocorrem nessa pequena cidade no interior da Sérvia.
    Durante uma semana, sempre no mês de agosto, Guča se transforma num grande palco de celebração da cultura local: Manifestações artísticas, danças populares, trajes típicos, gastronomia local, tudo pode ser experimentado num só lugar. O ponto alto do Festival é a grande competição de Brass Bands, que até 2009 era aberta somente para participação de orquestras oriundas do sudeste europeu. Grandes nomes do gênero que já se apresentaram na competição, hoje se apresentam como convidados.
    Em 2010 foi criada a competição internacional com o intuito de promover o intercâmbio cultural com os países de todos os continentes, oferecendo a oportunidade dos competidores estrangeiros mostrarem a cultura musical do seu país de origem assim como viabilizar uma intensa troca entre as diversas culturas participantes durante todas as atividades propostas nos sete dias de festival.
    Em 2012 foi a primeira vez que uma orquestra latino americana foi convidada para participar da competição internacional do festival de Guča. A Go East Orkestar atraiu a curiosidade e a atenção da mídia local e do público.


Nišville Jazz Festival
    Festival de longa tradição na Sérvia, é o mais visitado festival de jazz do sudeste europeu. O Nišville Jazz Festival, que acontece no mês de agosto na cidade de Nis, promove o gênero musical criado no continente americano assim como as tradições da música dos Balcãs. O conceito do festival baseia­se principalmente na fusão do jazz com tradições étnicas de diferentes partes do mundo, especialmente com as tradições dos Balcãs. Este fato, segundo a “Downbeat” (a mais famosa revista de jazz do mundo), resultou na apresentação da música balcânica como uma nova tendência mundial.
    Há 29 anos em atividade, o Nišville cresceu o suficiente para ficar lado a lado com os maiores festivais de jazz do mundo. São quatro dias de festival, mais de cem mil espectadores a cada edição, centenas de artistas de todo o mundo e atividades que integram a população local ao Festival. Há uma atenção especial para com o público jovem: programas divertidos e ingressos baratos garantem os jovens como público permanente e crescente no festival. De certa forma, isto é tomado também como uma missão educativa, afetando diretamente o gosto musical da população jovem.
    Vinte coletâneas de áudio e vídeo (“The Best of Nišville”), foram publicadas contendo partes das performances de quase todos os artistas que já passaram pelo festival. Isto não só é uma grande contribuição para a discografia de jazz dessa parte da Europa como também uma importante fonte de pesquisa, especialmente quando se trata de fusão de jazz com música étnica, para historiadores, musicólogos e para as gerações que estão por vir. O Festival tem o apoio regular das embaixadas e centros culturais da Turquia, Brasil, Estados Unidos, Alemanha, França, Holanda, Noruega, Suécia, Áustria e Suíça, cujos músicos tiveram uma participação significativa neste evento. 


Dani Brazila
    Trata-­se de uma grande celebração da cultura brasileira na cidade de Novi Sad, na Sérvia. Um festival onde o público pode desfrutar gratuitamente um pouco daquilo que faz com que o Brasil seja um dos países mais interessantes do mundo: sua música, sua dança, produções audiovisuais, exposições, capoeira e um grande desfile de carnaval pela cidade.