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Rodrigo de Oliveira (à esquerda) acumula 35 medalhas e representou o brasil no World Championship, na Espanha |
Desde pequeno, Rodrigo de Oliveira Souza enfrenta desafios muito maiores que ele. Filho caçula de uma família de três irmãos, o Campeão Brasileiro de Taekwon-Do ITF perdeu a mãe para o câncer aos dois anos de idade. Criado por duas tias, o faixa-preta de apenas 20 anos já é 2º Dan (segunda graduação na faixa) e um dos melhores competidores de Taekwon-Do do país. Aluno do Centro Brasileiro de TKD-ITF Rio Bonito (CBTT RB) desde os 10 anos, Rodrigo já acumula 35 medalhas em competições e foi um dos principais nomes a representar o Brasil no World Championship em 2013, na Espanha.
Quem vê o menino brincalhão dentro de uma academia, dificilmente imagina as dificuldades que passou para chegar até ali e o senso de responsabilidade que possui. Faixa preta desde os 14 anos e morador de Vertente - bairro do interior de Rio Bonito, o atleta é um exemplo de superação para todos a sua volta. Apesar dos desafios para continuar no esporte, hoje Rodrigo é Tricampeão Brasileiro, Vice-Campeão Sul-americano, Campeão do Open Internacional, Bicampeão Interestadual, entre outros.
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Rodrigo, com algumas de suas medalhas / Foto: Gabriel Duarte |
Nascido em 11 de janeiro de 1994, Rodrigo foi Vice-Campeão Brasileiro com apenas 10 anos. Filho do mestre de obras, Aécio Santos Souza, teve na morte da mãe o motivo para sua persistência e seriedade. “Nunca tive muito mimo e carinho, então sempre fui bem sóbrio e responsável. Enquanto as crianças estavam no parquinho brincando, eu estava observando”, contou.
Uma das principais lutas de Rodrigo é para conseguir patrocinadores que colaborem com sua carreira. Sobre a dificuldade financeira, o esportista diz que o sonho vale o esforço. "Eu sei que poderia ganhar mais dinheiro em outra área, mas o Taekwon-Do é uma prioridade pra mim. Tenho certeza de que uma hora a oportunidade certa vai chegar , eu vou agarrá-la e fazer valer a pena. A boa vontade de quem apostou em mim, sem dúvida, será recompensada", disse.
O taekwondista já acumula 16 medalhas de ouro, 13 de prata e 6 de bronze, em competições. Apesar das dificuldades, sempre treinou no projeto social 'Taekwon-Do Para Todos', do CBTT-RB. Desde o início é acompanhado pelo argentino Marcelo Mollica, 3º Dan e uma das suas fontes de inspiração no esporte. “Fazer parte deste projeto é uma grande honra pra mim. Comecei a treinar com o Mollica bem pequeno e hoje vejo a importância que ele teve na minha vida. Nunca tive muita mordomia ou encorajamento, mas acredito que com força de vontade qualquer um pode ser um diferencial dentro da comunidade”, afirmou.
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Rodrigo (à direita) e seu treinador, o argentino Marcelo Mollica / Foto: Gabriel Duarte
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Centro Brasileiro de Taekown-Do
Implantado em dezembro de 2003 no Distrito de Boa Esperança, o projeto social já rendeu muitos frutos em campeonatos estaduais, brasileiros e internacionais. Segundo Mollica, que também atua como presidente da entidade, seus alunos já receberam mais de 450 medalhas. Filiado à Federação Brasileira de Taekwon-Do, o projeto que é um dos maiores destaques no município ainda sofre com problemas de estrutura. De acordo com Marcelo, a dificuldade financeira é um dos maiores agravantes para a desistência dos alunos. “Nós vivemos num constante sentimento de espera. Os alunos sofrem com a falta de equipamento, uniformes e espaços adequados. Mas nós acreditamos que um dia será melhor, tenho fé que um dia tudo isso vai mudar.O atual Campeão Brasileiro saiu daqui, e tenho certeza que ele não será o único”, conclui.
Professor
Mesmo sem patrocínio e o incentivo da família, o bolsista do Prouni, chamado de “espelho” por seus alunos, tenta conciliar a faculdade de Administração, a carreira de competidor e o trabalho como professor.
Inspirado por Rodrigo, Kauãn de Moura Rangel, de 10 anos, já treina há mais de dois anos e é um dos grandes orgulhos da academia, tendo conquistado o Campeonato Carioca da sua categoria. Morador do bairro do Boqueirão, o atleta mirim se divide entre os estudos e os treinos. Sobre o professor, o menino destaca a amizade que existe entre eles e diz que gostaria de ser como o mestre quando crescer. "Ele me trata como os outros alunos, independente do meu tamanho. É um ótimo professor, me ensinou a ter responsabilidades, educação e equilíbrio. Eu quero ser como ele um dia", disse o pequeno.
Rodrigo (à direita), acompanha os treinos de Kauã Rangel (ao centro)
Matéria de Paula Brito |
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